Está super fácil adquirir peças semi-novas, descoladas, grifes estrangeiras ou qualquer peça de desejo pela internet.
Como consultora de moda, gostaria de deixar registrado o meu alerta às "shoparolics". Batendo perna no shopping, na rua ou navegando na internet as tentações são as mesmas. A diferença é que online você corre mais riscos da peça não lhe cair bem. Como os preços são tentadores, o ideal é pensar duas vezes.
Posto esse assunto porque os blogs de bazar e brechó estão se espalhando pelo Brasil. E assim, nasce outra maneira de lotar os armários. Lembre-se: aproveite as oportunidades levando somente o necessário para completar um guarda-roupa de estilo...
Quer conhecer o meu bazar?
Leia a seguir uma matéria publicida nesse mês que reflete a atualidade das compras online:
Moda dos brechós online chega ao Brasil
Por Ilana Rehavia
Da BBC Brasil em Londres
Em 12.05.2009
Os brechós pessoais online, blogs usados para vender as roupas que os internautas já não querem mais, estão chegando com força total ao Brasil.
Em países como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, já existem centenas de brechós na internet, fazendo com que milhares de peças de roupas e acessórios de segunda-mão troquem de dono. No Brasil, a tendência começou a ganhar força nos últimos dois anos e hoje existem mais de cem brechós em operação na rede.
Daiane Cravo é uma das coordenadoras do site Casa dos Brechós, um portal que reúne os destaques dos principais brechós online e recebe denúncias ou recomendações sobre a qualidade dos serviços desses sites. "Descobri os brechós através de um blog que eu costumava ler, entrei e me apaixonei. A partir daí fui clicando nos links e descobri um verdadeiro mundo por trás dos brechós", contou Cravo à BBC Brasil.
Roupas usadas
Através das pesquisas que fez para construir seu site, Cravo descobriu que a moda pegou mesmo no Brasil no início de 2008. Se há alguns anos as brasileiras tinham certa resistência às roupas de segunda-mão, e não costumavam comprar itens de vestuário pela internet, hoje elas estão cada vez mais sucumbindo ao desejo de encontrar uma pechincha. "Eu mesma tinha aversão às roupas usadas", contou Cravo. "Mas acredito que hoje em dia as mulheres tenham percebido que não é porque a roupa é usada que é suja, com defeitos. A maioria das peças vendidas em brechós está em ótimo estado de conservação, são apenas peças que as donas não usam mais."
Segundo Cravo, esse movimento se deve muito mais aos excessos das vendedoras na hora das compras do que aos efeitos da crise econômica mundial. "Na minha opinião, os brechós online são uma forma de escape para as mulheres consumistas que não sabem mais o que fazer com tantas roupas ou que se cansam rápido delas. A maioria das donas de brechós gasta o que consegue com as vendas, comprando mais roupas, que com o tempo acabam indo parar também no brechó", disse.
Em tempos de crise
A birtânica Kirsty McKie começou a vender roupas online por causa da crise. Fora do Brasil, no entanto, onde os brechós já povoam a internet há alguns anos - e onde os efeitos da crise estão sendo sentidos mais fortemente - a tendência se fortaleceu por causa da necessidade de muitos profissionais de encontrar formas alternativas de ganhar dinheiro.
"Eu trabalho como freelancer e não venho tendo muitos projetos recentemente por causa da crise econômica", disse.Antes de abrir seu brechó, McKie mantinha um blog de moda, o That's Just my Vibe, Really, onde, além de notícias sobre o assunto, publicava fotos mostrando o que estava vestindo.
Enquanto os brechós no Brasil ainda não estão interligados a blogs de estilo pessoal, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos essa é uma das principais características do movimento."É importante essa ligação do brechó com o blog porque muitas vezes os leitores já estavam de olho em uma peça que me viram usando, e essas peças acabaram vendendo rapidamente. Além disso, meus leitores já se identificam com o meu estilo", contou McKie.
Além dela, outras "blogueiras" conhecidas entre a comunidade de moda online, como as americanas Lulu (do blog Lulu and Your Mum), Camille (Childhood Flames) e Rumi (Fashion Toast) também se aproveitam de seus sites para atrair compradoras para seus brechós.
Comunidade
No Brasil, a técnica mais usada para promover as vendas ainda é o envio de e-mails avisando da chegada de novas peças no brechó. Muitos dos sites também aceitam fazer trocas, o que acabou criando uma comunidade entre as internautas."Não há como negar, o mundo dos brechós online acaba proporcionando a oportunidade de se fazer grandes amizades. A troca de e-mails é constante e uma acaba sabendo da vida, das dificuldades e das conquistas da outra", contou Cravo.
A maioria das vendas é feita nesse um ambiente de informalidade. Geralmente, a compradora interessada deixa um comentário no blog, e paga pela peça com uma transferência bancária.
O movimento, no entanto, não está passando despercebido por empresas da área de comércio eletrônico, com sites como a Ninui, no Brasil, e o Etsy, baseado nos Estados Unidos, abrindo espaço para que internautas possam abrir lá seus brechós.
Mas, apesar dos esforços das "brechozeiras" dentro e fora do Brasil, por enquanto o brechó online ainda é um hobby, uma forma de ganhar um dinheiro extra e abrir espaço no guarda-roupa para novas aquisições.
Para as vendedoras ouvidas pela BBC Brasil dos dois lados do Atlântico, no entanto, com tempo e dedicação para cultivar uma clientela fiel, seria possível sim viver só da renda de um brechó na rede. Em tempos de crise, a solução para a falta de dinheiro pode estar mais perto do que se imagina.